terça-feira, 7 de junho de 2011

Lúcifer


Em uma bela noite de inverno, onde as estrelas se espalhavam caprichosamente, simplesmente me deitei na relva fria e húmida, a bebedeira me trazia vertigens e enjoos fortissinmos. por fim, adormeci.

Lá estava Lúcifer me esperando.

Sentado em um grande trono, podia ver sua beleza e altivez, podia sentir o cheiro do vinho e ouvir sussuros de mulheres.
Seus olhos não eram demoníacos, contudo, não eram humanos. O brilho e o preto eram diferentes, acentuados duma maneira que eu não poderia explicar. Fui até ele.

-Senhor, sei quem é você, em nada me interesso, me desperte desse sonho.
-Everton, lembre-se que você veio a mim primeiro, nada que lhe sucede foi por acaso, tens total responsabilidade de tua sorte.
-Eu não tenho certeza...
-Venho apenas em busca do que me pertence, do que me foi prometido a tempos atrás.
-Não lembro de ter firmado pacto com o diabo, me desculpe.
Ele ri, e por um instante sua respiração é ofegante e forte como a de um cão grande e cansado. Pela primeira vez sinto medo.
-Pensa em escrever sobre esse sonho no futuro?
-Parece que sabe algo sobre mim. Sim, eu gosto de escrever.
-Esse será nosso trato.
-Já disse, nunca firmei pacto nenhum com o senhor.
Pude sentir o ar gelando em minha volta, o silêncio pesando e oprimindo minha personalidade, tudo na volta de Lúcifer vibrava em sua sintonia. Por fim perdeu a paciência, sua voz era horrível, o hálito de carne podre me deixou tonto.
-Cala-se!. Ovelha do pastor mendigo. Eu te salvei a vida naquele castelo, eu te levei a cama de donzelas,
eu mudei as cartas. Agora quero o que é meu.
-isso não pode ser...
-Hoje onde vocês chamam Áustria, lá eu e você ceifamos vidas, destruimos lares, possuímos jovens garotas, comemos e bebemos, a guerra era nossa farra.
-não...não pode ser!
-Escreva sobre mim, tua alma será empenhada nisso.

Despertei do pesadelo. E diferente dos filmes, onde sempre há um amigo nos ajudando,estava só. Os primeiros raios de sol se derramavam debilmente no horizonte que se estendia a minha frente. Vomitei um liquido viscoso. Sim, estava vivo ainda.

-------------------------------------------------------------------------------------

Resolvi ler sobre Lúcifer. Descobri muitas coisas. Mas o que se sucedeu foi mesmo um desencanto na figura do diabo.
Lúcifer, como todos sabemos foi um anjo decaído, porém, o mito do diabo foi algo que veio com o tempo e de misturas de muitos mitos. Lúcifer, do latim: o portador da luz.
Bem, o pensamento intelectual fez uma analogia com Prometeu, aquele que entregou o fogo da sabedoria aos homens. Pois, o que foi que a serpente fez? Ela incentivando a comerem a maçã, fez com que Adão e Eva se perguntassem o porque das coisas.
Porque não comer a maçã?
Ao comerem se deram conta que estavam nus como animais.
-------------------------------------------------------------------------------------


Cumpri minha parte no trato, agora quero minha alma de volta.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Poema incerto


Eu queria escrever um poema para minha filha, ou versos, quem sabe um texto, conto, sei lá.
Ela vive longe de mim.
Mas como poderia eu dizer?
Dizer onde estive, que me abandonaram, que percorri 120 kilometros em noites frias e dias escaldantes.
Contar meu amor em palavras, e que meu pensamento sempre voa a lugares mágicos, e que meu coração
sempre esta em cacos, e que ela é tudo o que o mundo precisa pra viver?
De que forma eu poderia expressar a luta de todos os dias e a dor da perda, como dizer que os poemas
as vezes não são sinceros e que as pessoas mentem, saberia eu dizer em palavras que nossos sonhos
valem a pena, e que eu sou um bobo por acreditar nisso?

Ela entenderia que dinheiro nem sempre é tudo, e que amei a mãe dela com todas minhas forças?

Conseguiria expressar a palavra de Deus, em palavras de um pecador, dizer que sofri, fui espancado, cuspido,
preso, perseguido, discriminado, expulso, e mesmo assim faria tudo de novo?

que em linhas tortas e erros ortográficos esta muitas vezes a literatura, a grande escrita dos que vivem de verdade?

Como minha filha entenderia que nunca a abandonei, e que aqui nesse castelo de solidão os dias sem ela são
tristes e frios, e que a morte não é nada para quem viver uma vida plena?
Eu queria escrever um poema que abrisse mentes e corações, que fizesse uma revolução em nossas vidas, e que
em cada palavra ela soubesse que a amo, e que tudo será nosso no devido tempo.