terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Fim dos tempos


Me acordei já eram 7:15, atrasado de novo. O pessoal da cooperativa de cereais já estava perdendo a paciencia com minhas faltas, agora esse atraso seria a gota d'água.
Não gosto dos cereais, são tão secos e artificiais, mas com o preço que esta a comida de verdade é melhor aprender a gostar.
Me levantei da cama e como todos os dias dei uma olhada pela janela, realmente a vista do prédio não é digamos assim:um cartão postal. Mas é sempre um encentivo ver o sol, mesmo que seja sempre por entre a nuvem cinza de poluição.
Já na rua consultei o medidor de pureza do ar. Hum...nada bom. Coloquei minha máscara e consultei o relógio mais uma vez:7:40. Estava ferrado. Pelo caminho os pedintes aumentavam cada vez mais, e cada vez mais via familias revirando lixo. Com a escacez de água potavel também pude reparar na podridão das ruas, e também das pessoas. Da ultima vez o racionamento nos fez ficar quatro dias da semana sem o precioso liquido.
No ponto de ônibus o caos. É preciso disputar palmo a palmo os espaços, se não fico para trás. Quando em meio a uma briga para conseguir passagem até a porta da condução, ouvimos o som estridente de um raio...Todos se calaram e ficaram com semblantes de preocupação. Seria mais uma tempestade? A da ultima semana arrasou com a cidade, deixou estragos e vitimas por toda parte, e estavam ficando cada vez mais frequentes. Já estava dentro do ônibus expremido entre as outras pessoas quando junto com a chuva chegou a noticia: Devido a intensidade dos raios ultra violeta na região central do planeta(área próxima a linha do equador)as pessoas dessas áreas foram aconselhadas a abandonarem a região, causando um grande inpasse entre os países. Afinal as colheitas já não estavam dando conta da população atual, quanto mais de imigrantes, e por que não dizer:refugiados.
A movimentação de tropas nas fronteiras, segundo as noticias, havia se intensificado desde a noite anterior.
Bem, o que fazer se não continuar com a vida?
Do alto do viaduto, pela janela do ônibus todos podemos ver o ciclone...
"Como é linda a natureza, mesmo em sua ira."
Um pouco antes de sermos arremeçados no rio, eu pensei que era isso mesmo: o ser humano tinha ferrado com tudo, e a agora teria que pagar o preço.

A natureza e seu equilibrio, a simbiose das criaturas vivas, o ciclo da vida na terra. Como podemos ser tão negligentes? Será a passagem dos homens por esse planeta apenas parte desse ciclo? Seremos extintos, apenas fosséis no mundo das baratas.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Camila


Encostada na velha figueira Camila observava o vento movimentando seus galhos, que com o agito das folhas produzia um som sutil e secular: o som dos ventos da mudança.

"Quando soltamos a fera que existe em nós o mundo inteiro se torna nossa selva..."

Camila na sua eterna prisão de gelo, vivia no mundo como uma coadjuvante, guardava uma mágoa em seu coração de patinha feia.

Porem, precisamos dar vazão aos sentimentos, e mais cedo ou mais tarde isso vem a tona de alguma maneira.
Pois que lá estava ela, com poeira da estrada em seus sapatos, e o gosto salgado das próprias lágrimas em sua boca.
Camila achou a grande árvore dum resplendor magnifico, e chegou mesmo a compara-la aos homens.
A árvore: velha, sábia e serena...

-O que faço grande árvore?

Alguns galhos se agitaram a sua direita, pensou que talvez fosse algum sinal, mas logo se achou maluca mesmo por estar conversando com uma árvore.

"O que significa a felicidade?"

Olhou mais uma vez o horizonte, as planícies verdes se perdendo pelos confins do sul, nuvens brancas de leveza inspiradora e triste.
Tomou todos comprimidos de uma vez...Bebeu o vinho para descer de uma vez.
Pensou na mãe e nas irmãs, lembrou de quando era criança. Sentiu um peso na nuca e um nó na garganta, mergulhou na escuridão.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Deus


Em tempos remotos da história do homem, chamávamos de deuses fenomenos da natureza. Mais tarde cultuavamos seres mágicos e magníficos em estátuas e ídolos, por fim veio a idéia de um único deus.
A palavra "religião" que tem o significado de religar a deus, tem mesmo é separado os homens, e para mim que cultuo a filosofia e o sentido das coisas, Deus é algo muito vago. Mesmo assim resolvi refletir sobre o assunto.

Deus criou o mundo no inicio dos tempos, criou o homem a sua imagem e semelhança. Então o que significam os fósseis de ancestrais dos humanos? Primatas imperfeitos, que evoluíram até chegar ao homem, que mesmo sendo o que é, esta longe da perfeição.
Claro que argumentar contra os textos da bíblia é muito fácil, pois toda ela é falha no sentido cientifico e filosófico. Então meu pensamento vai para Deus como objeto direto.

Não posso negar que a existência e a vida na terra são coisas tão complexas e interligadas entre si, que seria quase um absurdo admitir que tudo isso aconteceu por acaso, através do big bang, a explosão que deu inicio ao universo.

não gosto da idéa de pensar como cético. Os céticos nunca tem certeza totalmente, estão sempre com dúvidas."Melhor uma verdade do que uma dúvida..."
Apenas não posso crer nesse deus bi polar que hora é amor, hora nos queima no fogo eterno.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Confronto


Por mais que tenha tentado seguir meu caminho sem me intrometer no dos outros, a sempre o momento do conflito, o choque de interesses.
Um ser humano em frente ao outro, querendo a mesma coisa, ou simplesmente desejando subjulgar. Esse o confronto, o desafio lançado.
Nossos adversários, inimigos, concorrentes, antagonistas...
No fundo o ser humano é um macaco lutando pelo comando do bando, pelas femeas, pela comida. E mesmo eu, que em tudo acho vontade de intelectualizar, pensar e ponderar, não posso negar que estou sendo um macaco a meu modo.
Porém, até agora não achei melhor maneira de vencer outro ser humano se não pela inteligência, pelo estudo e analise da cituação.
Observei a influencia direta do fator local, a analise de fraquezas, a noção de moral, e o mais importante: as qualidades. Não devemos desafiar outrem desconhecendo seu potencial.
Todos nós em algum momento da vida tivemos alguem assim no nosso caminho, e realmente não dá para fugir, a vida nos convida para o combate, e mesmo na derrota achar forças para o futuro.
Para finalizar aqui vai uma frase de Niestzche:
"Nossos inimigos não são para serem desprezados, são para serem odiados."

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Queimar


Existem pessoas que vieram ao mundo para viver intensamente e queimar rápido. Espiritos sublimes e embriagados da intensidade de suas próprias vidas.
Como eu os invejo...
Afinal, aqui estou como sempre em altos e baixos, na gangorra da vida. Hora transbordando de euforia e felicidade, hora jogado na sarjeta da depressão. Seria tudo algo psicológico?
No nosso dia a dia a rotina ofusca o brilho de tudo, mas eu, o observador, nunca paro de me admirar, e essas pessoas são a própria vitalidade, sempre nos arrebatando com seu entusiasmo e alegria. Ótimo, pois com toda a tristeza que vem de minha arte, tudo poderia ficar demasiado cinza, e o que é pior:estéril.
Podemos então beber vinho em dias cinzentos, e do caos o renascer para um novo dia que se apróxima.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Excluído


Ser aceito em algum grupo social, fazer parte de algo, estar por dentro...

Quando eu era criança tive a síndrome da exclusão: o garoto inibido com amigos esquisitos. As garotas, o time de futebol, as festas. Via tudo sempre como algo fora de mim. Pois essa era uma mágoa que eu pensava que poderia enterrar bem fundo no meu coração, não podia. Simplesmente todos precisamos dar vazão aos sentimentos de alguma forma, e mais tarde eu faria isso através da subversão. E foi ótimo.
Quando tudo é rejeição nossa alto estima pode se ver abalada, porém, eu descobri algo que me deu força: a revolta furiosa da contra cultura.
Quando então consciente da minha condição de "maldito" assumi a postura, me aceitei e fiz do preto minha bandeira. Anarquista para poder viver!
Aprendi a buscar força na solidão, aprendi a arte da espreita e da introspecção, e por fim, aprendi a nunca super estimar nenhum homem.

Guardado atrás de nossos olhos esta o mais precioso segredo de nossas vidas, e hoje é como se isso fosse tudo pra mim. Faço minhas escolhas sabendo que tomei meu destino, e em cada segundo que passa a algo de mim mesmo em tudo, nunca mais me senti excluído, apenas olho as folhas das árvores e viro minhas costas para quem quer que seja.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Clube dos escritores


Somos leitores vaidosos, e certamente curiosos. E com esse pensamento dirigi-me ao Clube dos Escritotres de Alvorada. Era uma manhã ensolarada, o dia estava com aquela claridade ofuscante, e por que não dizer:entusiasmante. Bem, chegando lá fui muito bem recebido, e apesar do pouco tempo que tive de conversa com Ricardo ficou no ar a promessa e a esperança de no futuro nos interarmos mais. Esse nosso interesse e destino:Literatura.
Então gostaria de finalizar o texto de hoje com um pensamento que não é meu, o pensamento de um velho amigo:
"A arte é para ser dividida, se não para que a expressão artistica? Seria melhor apenas mentalizar tudo..."

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

As belas artes


Não existem palavras de suficiente significado para expressar meu gosto e fascínio pela boa música. A música quando apreciada através da cadência e harmonia, nós trás o céu na ressonância melodiosa do som...Tal é seu efeito sobre nós que até o humor se altera perante a execução de determinada musica de nosso gosto.

A literatura, que de todas as artes, junto com a música, é de longe a que mais me influenciou na minha formação. Me tornando de fato lapidado pela minha arte:literatura e música. Ser guiado pelo mundo das idéias, a aventura do pensar, o conhecimento e tudo que ele pode nos trazer na vida. São inúmeros os frutos colhidos.

Quando um homem se liberta dos grilhões da alienação e começa a pensar por si próprio é provavel que outros queiram segui-lo. E é preciso cuidado, pois que isso seria uma nova forma de alienação.
Minha libertação veio através da arte. Em sutis menssagens, ou as vezes em chamadas para o confronto mesmo.
Estar de posse do poder da arte é uma dádiva, cultivamos esse sentimento em nós a muito tempo, e por certo é fator decisivo na nossa evolução espiritual.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Devaneio noturno


Senten-se nas suas cadeiras e observem o silêncio...
Absorvam o silêncio...
Pensem com cuidado e acharam em algum lugar do passado, uma vida a muito esquecida, como algo que dorme em nós, mas na verdade nunca deixa de ser parte do que nós somos.
Quantos sacrificios para se chegar até aqui, e ainda muito por vir, me pergunto se realmente a vida me ensinou a lição ou tudo ainda não passa duma grande brincadeira.
Sentado sozinho nesse quarto escuro a fumaça do meu cigarro é um espectro no breu da noite, e o céu estrelado,o firmamento na sua magnitude infinita, lembra a nós, pequenos humanos o quanto somos pequenos nesse universo de possibilidades.
Aqui, onde faço meus planos e traço minhas estratégias, não a preça, quase posso ouvir meu próprio coração, esse é o compaço.
Pensem mais um pouco...
Sentado no quintal observando as flores, a beleza muda, a vida como um grito em ouvidos surdos, vejo gatos com olhos sinistros,eles esperam a hora certa, nunca desperdiçam energia, nunca erram o pulo.
Assim se passa mais uma madrugada em quanto todos dormem.

Senten-se em suas cadeiras e vejam como é lindo o silêncio se espalhando por tudo, vejam a escuridão que estende seu manto bem em frente a nossos olhos perplexos.

Ó grande cansaço que assola o cósmos, grande recolhimento da energia, estática força bruta, sutil devaneio noturno...

Sutil devaneio noturno...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Chorar


Ouve o tempo em que decidimos ir para o litoral caminhando. Uma longa e cansativa viagem, aproximadamente 120 kilometros. Pois que estávamos entre quatro amigos, e depois de algum tempo na estrada decidimos que já era hora de parar e preparar algo para comer. Nos embrenhamos em uma mata ao lado da rodovia e começamos os preparativos para o fogo e tudo mais. Era um dia cinzento e estávamos em algum ponto da cidade de Viamão. Haviam bambus por toda parte, o local era a parte de baixo de um barranco. Estava eu a catar lenha quando ouvi o grito:
"todo mundo com mão na cabeça."
Era a polícia, pude ver um deles escorregando pelo barranco com uma arma de grosso calibre na mão, o maldito uniforme cinza e as botas lustradas, soldadinhos de chumbo com coração de chumbo.Levaran-nos para cima, para o acostamento da rodovia. Ali fomos humilhados. Me lembro muito bem, havia um deles que era alto e gordo, com bochechas suínas, tinha um olhar de pedra e parecia que a qualquer momento iria nos espancar.
"O que vocês pensam que estão fazendo hen...andaram roubando por ai e estão se escondendo, seus vagabundos infelizes, aqui no meio do nada quem vai ver vocês hein.."
O policial com cara de suíno gritava e babava, eles estavam entre quatro também, porém esse era o mais exaltado.
"Seus monte de merda, agora quero ver o que vocês tem ai nessas mochilas fedorenta."
Do meu lado um dos meus amigos começou a chorar e dizia em vão que nós não tínhamos feito nada, o suíno me olhou percebendo que eu era o mais velho:
"E aí magrão, teu amigo ta chorando..."
Viraram tudo no chão: cuecas, camisas, escova de dentes.Tocaram fora toda nossa bebida. Foi quando o suíno revirou minhas coisas e achou três livros: Antologia dos poetas de São Borja, Textos anarquistas, e Traçando nova Iorque de Luís Fernando Verríssimo. Parecia um animal olhando para algo que não entende, naquele momento me senti maior.
Um policial mais velho desceu da caminhonete e se aproximou, olhou meus documentos.
"Gosta de poemas então são borjense."
Saquei na hora, aquele coroa era de patente superior ao suíno e a todos eles, me lembro exactamente do que ele nos disse:
"Vocês estam horríveis, o ser humano esta no topo, essa vida que vocês levam não leva a nada..."
Foram embora. Prometeram que se nos encontrassem de novo iriam nos recolher. Isso nunca aconteceu.
Quando seguimos viagem olhei para meu amigo que tinha chorado, jurei que nunca isso iria acontecer comigo.



Quando chegamos a praia de Tramandaí a impressão que tive era que nos odiavam. Nós não fazíamos o mau, éramos apenas hipies fora de época. Nesse dia fomos detidos duas vezes, sem motivo aparente. Nos ficharam, fotografaram, examinaram. Alegaram "perturbação da tranquilidade."
Quando saímos da delegacia era madrugada alta, seguimos para o mar.
Em Tramandaí um pouco antes da próxima praia Imbé, existem algumas pedras que se estendem pela costa até o mar. Ali nos sentamos, naquela noite consumimos solvente, senti o odor forte se espalhando no ar e minha mente se alterando.
Então eu chorei, chorei copiosamente.
Chorei pela nossa condição de malditos, pelo amor hipócrita, pela medíocre classe média, que simplesmente nos odeia por nós não nos importarmos com nada desse circo que eles tem. Chorei, e literalmente minhas lágrimas escorreram pelas pedras e se misturaram com a água do mar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Entrevista de emprego


Uma das coisas mais chatas é entrevista de emprego.
As pessoas sempre tratam a gente com extrema impessoalidade, então aqui vai uma entrevista de emprego das minhas.

A agência de empregos ficava no centro de Porto Alegre, Rua dos Andradas número 300 e sei lá o que.
Me identifiquei na portaria depois dirigi-me ao elevador. Sexto andar. Saí por um corredor de paredes brancas e cheguei a uma porta de vidro, lá estava. Consultei o relógio:13:55. Perfeito,a entrevista estava marcada para as 14:00.

_Com licença eu tenho uma entrevista marcada com voces pras 14:00.

A atendente era loira com ohos verdes tão claros que pareciam uma gota de água do mar.

_Seu nome por favor senhor.
"Senhor!..."
_Everton Santos.
_A sim, está aqui, por favor siga por esse corredor e aguarde a chamada.
_obrigado.

Voltei-me para pegar minha pasta que tinha ficado na cadeira e pude ouvir outra pessoa falando com ela:

_Oi, boa tarde, tenho uma entrevista de emprego com voces marcada pras 14:00.

Segui por outro corredor de paredes impecavelmente brancas e cheguei num hambiente
com umas dez pessoas sentadas em cadeiras azuis, ali era a sala de espera.
Lá todos passavam o tempo do jeito que dava: lendo ou mexendo no celular, eu apenas
fiquei olhando para uma aranha perto da janela.
Depois de 50 minutos sem um movimento da aranha fui chamado.
Entrei por uma porta passando para uma pequena sala, ali sentei-me, enfrente estava
uma mulher de aproximadamente uns 40 anos, usava óculos e um terninho, me deu a impressão de uma pessoa séria. Eu estava certo.

_Senhor Everton Santos: boa tarde.
"Senhor!"
_Boa tarde.
_Então tem experiência em logística?
_Sim, um pouco.
_Disponibilidade de horários?
"Não gosto de trabalhar depois das 18:00..."
_Sim.
_Pretenção salarial?
"1.500 reais."
_600, era o que eu ganhava.
_Fumante?
"Maconha ou cigarro?"
_Sim.
_Nos diga o que espera da empresa que irá contrata-lo.
"dinheiro e plano de saúde."
_Espero boas condições de trabalho e opurtunidade de crescer.
_Nos diga o que a empresa pode esperar do senhor?
"Tem que esperar deitada."
_Pode esperar vontade e entusiasmo, responsabilidade e seriedade.
_Nos diga uma qualidade sua.
"Sei fazer um truque com moeda, ela some e reaparece."
_Sou organizado.
_Agora nos diga um defeito.
"Não consigo me concentrar olhando pro seu decote."
_Gostaria de ser mais estrovertido, eu sou muito sério no trabalho.(da onde eu tirei essa...)
_Tem conhecimentos em informática?
"Sei usar msn e orkut."
_Alguma coisa de editor de textos e tabelas.
_Então o senhor quer crescer na empresa?
"Só quero meu dinheiro."
_Sim.
_Muito bem senhor Everton, vou enviar seu currículo, fique atento ao telefone. Obrigado Por ter vindo.
"Até nunca mais."
_Eu que agradeço.

Pronto. Mais uma entrevista de emprego.
O sistema é assim mesmo: transforma pessoas em coisas.
Eu era apenas um produto para aquela agência, simplesmente estava lá para vender meu
corpo e mente, e estava barato. As pessoas não são máquinas, quando saí daquele prédio e ganhei as ruas novamente botei minhas mãos nos bolsos e senti o calor suave do sol acariciando minha face, imaginei a mulher da entrevista nua numa cama. Sim, ela é uma pessoa também de carne e sentimentos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A loucura


Ontem foi mais um dia de domingo que passei com meus amigos na praça central. Logo quando cheguei percebi a presença de uma pessoa especial na minha vida: meu amigo Xará.
Sim, esse é o apelido dele, pois ele é mais um Paulo nesse Brasil, mas, pra mim ele é o cara que resistiu do meu lado morando na rua, sobrevivendo e buscando a vida em tempos de conturbada descoberta interior. Naquela época o sofrimento, a fome, o frio, a violência policial, as drogas e a morte. Sentimos a ira e o desprezo da sociedade, por quem da vida tem apenas um espasmo retórico, flores e jardins, que a nós não pertencem.
Pois meu amigo nesse reencontro me contava que estivera internado num ospicio, numa ala dedicada a recuperação de dependentes quimicos. Até aí tudo bem, o problema foi quando ele me disse:"as cores da televisão alienando todos naquela sala...eu tenho rivais em toda parte que querem me destruir..."
O olhar era triste e tudo que falava eram metaforas malucas e as vezes desconexas.
Meu amigo tinha ficado louco!
Não consegui ter um diálogo linear com ele, e depois de duas horas ele simplesmente se levantou e foi embora sem se despedir.

O que de loucos e normais temos em nós?
Nossa rotina, nossa responsabilidade, nossas metas e objetivos, nossa educação e hipocrisia social, o bem estar de todos.
Quem são os loucos? drogados sequelados, malucos incostantes, pessoas a deriva na vida sendo levadas ao sabor do vento, pessoas que não medem as palavras e em tudo são como crianças que não escondem os desejos pelas coisas que gostam...
Talvez eu seja um pouco mais louco do que deveria...

sábado, 7 de novembro de 2009

Sexta feira a noite...Solidão.


Noite de sexta feira, decidi-me a não ficar morrendo em casa e resolvi dar uma volta no centro da cidade, nos bares. Bem, queria ver pessoas, movimento, quem sabe conhecer alguém ou encontrar amigos como eu, perdidos e entediados. Não se faz muito com cinco reais, então nada de cervejas, pedi um samba com um acréscimo na dose de cachaça. Ainda poderia tomar mais um apenas, fumar alguns cigarros e era isso aí. “Melhor que ficar em casa”. Sentei-me nas cadeiras que ficavam na parte de fora do boteco, ali podia ver o transito de pessoas na avenida central. Acendi um cigarro, claro, fazendo aquele charme com o fósforo, dei uma grande tragada e fiz uma bela nuvem de fumaça. Chegou o samba, legal, tinha uma rodela de limão, um cubo de gelo e realmente estava bem carregado na cachaça. Não avistei nenhum conhecido mais chegado, então fiquei na minha. Resolvi fazer algo que a muito estava com vontade: abri um livro. Sempre quis fazer esse tipo intelectual bêbado e sinistro. O livro era de filosofia, Niestzche como sempre. Me apareceu uma palavra que eu não sabia o significado, tenho a mania de anotar esse tipo de coisa, para mais tarde buscar no dicionário. Puxei minha já gasta caneta bic e um esparadrapo, fiz a anotação. Havia um casal a minha frente, atrás algumas garotas comendo batatas fritas, do meu lado esquerdo dois caras conversavam sobre trabalho. Pareciam felizes, todos estavam felizes. Eu não sabia quanto a mim.
Ouvi alguém sussurrar:”ele ta sozinho”.
É, eu estava sozinho, já faziam uns quarenta minutos, me sentia dono de algo precioso e triste, melancólico e suave numa noite quente de primavera. No passado já tive medo da solidão, hoje nada tão dramático a respeito me vem na cabeça, apenas me parece como uma certeza, que a solidão assim como o silêncio nunca duram pra sempre. Aquelas pessoas ficaram sensibilizadas comigo, como se eu estivesse num estado não natural, como alguém que pena no limbo até chegar ao prometido céu...
Eu sou um diabo do inferno eu acho.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Doutor Apollo e Stela Farias


Quando eu era criança e estava na quarta série do ensino fundamental me disseram que uma de nossas professoras não acreditava em deus:
"Pois é, ela disse que acredita na força da natureza."
Mais tarde, disse pra essa mesma professora que eu tinha visto uma revista com fotos de crianças iraquianas de rifles na mão.
"O iraque é um país em guerra, tem que se preparar."
Hum...então deus não existe e a guerra é para as crianças também. Aquela professora era durona, ela que organizava as greves e agitava a comunidade, ela era Stela Farias, que viria a ser prefeita da nossa cidade e mais tarde deputada estadual.Foi a primeira pessoa de esquerda das muitas que eu viria a conhecer.
Passados alguns anos, eu já me encontrava com meus vinte e poucos anos, e tinha assimilado e já rejeitado a ideologia Socialista, me considerava um anarquista.
Mas, precisava de dinheiro, então surgiu a proposta: trabalhar para o ex-prefeito de Alvorada, na sua campanha para vereador.
Doutor Apollo, como todos o chamam é uma figura ímpar, melhor dizendo:um figurão.
O discurso é ponderado, e esta sempre cercado de gente, a primeira vez que nos falamos ele me disse:"Me ajudem e eu ajudo voces, não confio em papeis, eu tenho palavra". E me deu dinheiro. Foi a primeira pessoa de direita que eu conheci. Uma vez em frente a sede do PMDB eu e o "doutor" trocavamos palavras de cortesia, quando um homem de palitó, que eu nunca soube quem é nos disse:"Um liberal e um radical, os dois são perigosos."
Hum...então eu era um radical, porém eu trabalhava para um liberal.
Essas duas pessoas representaram na minha vida o simbolo de suas respectivas ideologias e posturas politicas.
Stela Farias:a professora esquerdista.
Doutor Apollo:o advogado e empresário neo liberal.

Não quero aqui tomar partido por nenhum dos dois, apenas relatar a importância que tiveram essas personalidades no meu entendimento da política na vida real.

domingo, 25 de outubro de 2009

A casinha


No alto do morro, mais afastada do centro da cidade ficava a “casinha”. Uma pequena casa abandonada onde nos encontrávamos. Bons tempos aqueles. A “casinha” era cercada por histórias e lendas, a que mais me fascinava contava a história do primeiro morador, na verdade este era pai de um de nossos amigos, e já era falecido. Me contaram a coisa toda numa das grandes noites de inverno, noites que passávamos consumindo bebidas e inalando solvente. Diziam que tomado por um surto de genialidade e criatividade este homem afirmou ter inventado um novo método para tratamento de doenças, inclusive a AIDS. Este método não tinha nada de novo, pois se tratava da dieta macrobiótica, a cura através da alimentação correta e dirigida. Porém, o fervor febril de fixação na idéia o levaram a loucura, ou,ao que pensavam ser loucura. Então construíram a “casinha” para ele e sua nova excentricidade de vida.
Através do uso do solvente como droga, eu tinha alucinações de todas as sortes, após ouvir essa história minhas viagens passaram a ter algo a ver com esse enigmático homem e sua loucura. Imaginava o fantasma dele a nos observar, cheguei de fato a ver um rosto pálido e mórbido em meio a fraca luz das velas. Essa alucinação me perseguiu por algum tempo, nunca revelei a ninguém, nunca iria assumir que sentia um pouco de medo.

Foi na casinha que tive minhas principais lições de vida na cultura alternativa . Passadas todas as grandes gerações dos anos 50 aos 90, estávamos no inicio do século 21, e nossa identidade como tribo urbana e mesmo como indivíduos era confusa. Na verdade até hoje não consegui me rotular, diria por fim, usando as palavras de Herman Hesse: não sou um homem que sabe, sim um homem que busca.
Hoje já passados quase dez anos a lembrança daquele lugar ainda me fascina e inspira, pois que todos naquela maldita e santa casa buscavam além do prazer e da liberdade, buscavam o conhecimento e alto afirmação.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Senhor das guerras


Ó grande senhor, rei da guerra e da morte,
arauto da fome e do desespero, senhor do
exercito de zumbis do Apocalipse, venha e
beba connosco esta noite...Conte-nos histórias,
lendas e contos da época em que campos floridos
de primaveras passadas foram adubados com
sangue dos inocentes, na grande higiene do mundo:
a guerra da terra. Grande senhor, mostre-nos
velhas armas, escudos e espadas, armaduras e
canhões, paus e pedras, instrumentos da luta,
limpeza e recomeço.
Nos mostre os olhos do soldado russo ainda
vivo na gélida neve, a mão tremula do garoto africano,
nos mostre a coragem e a glória, a vitória e o fim.
Nos explique a reação em cadeia do átomo ,
a formula básica da morte no hidrogênio,
nos mostre a ciência derradeira.
Grande senhor devorador de homens, beba um pouco mais,
conte-nos quem foi Napoleão, nos explique sobre a
luta pela liberdade e, a revolução. Fale sobre
grandes heróis e grandes batalhas, grandes nações
e impérios sem fim, que por fim terminaram.
Senhor, os homens fortes estão por aí prontos
a morrer pelo que acreditam e a nunca se render,
e sempre matar.
Grande senhor da guerra, nos diga como é o olhar
do camponês refletindo em sua retina a aldeia pegando
fogo naquele distante Vietnã, nos fale sobre a fé
e o deus da Palestina, o abandono e o grito numa
noite muda e surda.
Por fim grande senhor nos diga: por que lutar?

A arte na minha vida


Nossa arte é a vontade de expressão, vontade de
liberdade e expansão
O ser, sozinho na solidão cósmica viajando na viagem
exótica da vida como um passageiro...
Está a impressão da vida que queremos dividir:arte.
Uma tentativa singela de se estar em unissono com a
existência.
Assim compreendi a vontade de arte que todos temos,
alguns, como eu,tem na sensibilidade artistica o
incentivo primordial para não perecerem na depressão
da vida cotidiana e objetiva.
Outros, simplesmente são arrebatados pelas contingencias
da vida real e material.
Quem são os homens de verdade?
Os que nada podem pensar por si próprios, não tem
escolha, ou os que se aventuram no mergulho do pensar,
na arte?

Os dois fazem sacrificios, abrem mão de coisas. Só uma
pena muitas vezes não ser uma escolha nossa postura
de vida, e sim uma necessidade.
"O homem em meio as feras sente necessidade de ser
fera também."

domingo, 18 de outubro de 2009

Poema do bêbado


Meu corpo bêbado voltava pra casa fantasmagoricamente, e nos becos escuros onde as criaturas devoravam um banquete de sacolas de lixo certamente outros fantasmas flutuavam até a luz.
Redenção!
Quando volto sempre imagino quem vive naquela casa, e como pode aquela velha senhora de olhos perdidos sentada em seus excrementos um dia ter amado?
Quando Deus por fim ateou fogo ao céu e o diabo ria com os negros nas esquinas, eu andava...Pedaços podres de carne com vermes deliciosos, mulheres de mentira na noite dos sonhos perdidos, ah...A cidade grande!
O circulo deve estar perfeito, e nós, os anjos de agora, somos os herdeiros da promessa, nunca mais o tempo será nosso carrasco e o algoz agora é um pobre gatinho perdido e abandonado.
Liberdade pra ser infeliz!
Nós, os que buscamos a embriagues mais especial, o livro mais tocante, o torpor da alma no caos dos sentidos.
E o que representa a nossa existência?
Nós, os meninos e meninas estragados, são peripécias de criança nossos beijos, confronto de amantes nossas brigas, mentiras nossas verdades.
Me disseram que no sono somos todos bebes, e o que é um sonho?
Meu corpo bêbado voltava pra casa...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Poucas linhas em um momento...


Daquela janela eu observava a cidade de Porto Alegre: uma igreja,
um puteiro. Prostitutas e crentes, drogados e policiais, o
antagonismo, sim, o eterno verso e reverso...Ela nua, me dizia pra
voltar pra cama. Será que ela não consegue ver a beleza do
confronto eterno? Os homenzinhos, as suas vidas e ambições, a
ilusão de que são alguma coisa num universo onde tudo termina e
recomeça...Daquela janela a fumaça do meu cigarro subia se
misturando no eterno éter, e eu pensava como momentos assim
são frágeis.
Como eu gostaria de nunca mais voltar...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

literatura nunca mais!


Nesse exato momento uma estrela em uma galáxia distante acaba de
explodir se tornando uma super nova, em algum quarto sujo uma
prostituta é espancada até gozar, um pai de família se orgulha do
seu filho e, chegará mais uma vez bêbado, em algum lugar uma
aranha observa sua presa, aqui eu escrevo...inútil... sem vida o
computador pisca suas luzes e cores,a onde deveria ter um coração
está meu cérebro, preocupando e temendo o futuro, inventando momentos
e fazendo passa tempos.
Assim, assado.
No fundo é isso mesmo: escrever.
Um dia quando não mais a melancolia e a solidão forem como
pesados blocos de pedra na minhas costas, eu voltarei aquela bela
cidade litorânea, beberei a mesma cachaça de todos os dias e
gritarei para o horizonte: "literatura nunca mais..."

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Criando


A uma época na vida de um homem onde tudo que ele acreditava
vira areia. Época de elucidação é claro, com tudo, época de desilusão.
Nossos sonhos uma miragem no deserto cruel da existência, nossa
vida um fragmento de energia no caos do universo.
A um tempo em que comida é ração, que bebida é agua, que livros
são apenas papel. Talvez seja isso que chamam de cair na real.
Essa é a verdade da vida, o concreto dos prédios, o trabalho árduo,
a morte, o fedor vindo dos guetos e da burguesia.
Afinal, este é um tempo que deve chegar pra todos, mas como dizia
Nietzsche: "querer apenas a verdade é assumir que não se pode criar."
Então meus caros, mãos a obra, pintamos então a vida, simplesmente
nos negamos a aceitar o cinza.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Presente e futuro


Quando por fim a chuva caiu eu fiquei apenas a segurar aquele
colar, entendi a razão de se estar o tempo todo atrás de algo que
nunca chega. O tempo todo pensado no depois, e agora?
Quando eu era criança e tudo me fascinava e assustava a vida se
estendia na linha do tempo da forma mais divertida, fazia minhas
brincadeiras e tudo era o momento atual. E hoje, quando o medo do
futuro e a espectativa me dominam, sei que essa angustia me corroi
aos poucos. Pois perco o que não volta: perco meu tempo.
Hoje quero fazer o que a muito tinha esquecido:
contemplar o tempo presente.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cain e Abel


A última leitura que me causou grande impressão: Demian, do
escritor alemão Hermman Hesse. Nesse livro a idéia principal é a
distinção do ser humano, a busca pelo próprio destino. Pra mim,
o mais importante: a diferença entre comunidade e rebanho.
Na verdade já tinha encontrado algo parecido lendo Niestzche, e
deus sabe(deus?) que dificil mesmo é encontrar pessoas distintas,
pessoas que trazem consigo o sinal de Cain, aqueles que buscam
seu próprio destino aquem do rebanho. Esses são como Cain,
considerados malditos, pra mim, não imcompreendidos pelo
rebanho, e sim imcompreenssiveis.
Afinal, de dentro da coletividade cega, não se pode enchergar e
deixar emergir a energia que vem do eu interior e individual.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O despertar de nós mesmos


Era uma segunda feira qualquer passando através da linha do tempo.
Em nossas vidas, ao contrário tudo parecia estagnado. O sol estava a
pino, e a cachaça queimava na garganta. Lá estavamos nós, os
vagabundos da praça, a subversão do ser humano manifestada em
nós. Todos sabiam que esses vagabundos tinham algo de diferente,
algo de sedutor e misterioso. Uma garota se aproximou de nós,
disse que queria me conhecer.
"Ei garota, não sabe quem nós somos?"
Ela era talvez dez anos mais jovem que eu, me surpreendi com a
destreza da jovem. Me pediu um trago, que prontamente neguei,
afirmando que ela era menor de idade.
Nossa, nunca vou esquecer aquele olhar, avia sede de vida, vontade,
temeridade. Coisas que tive que despertar em mim depois de muito
tempo. Todos temos um potencial, todos temos nossos universos.
Porém, nada poderia ensinar aquela jovem que já não esteja nela,
simplesmente adormecido esperando o grande despertar.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Viver a literatura


O que é viver na prática a literatura? A poesia? É escrvever? Ler?
Não.
Simplesmente em atos tocar e se deixar tocar o coração, envestigar
e vasculhar o intelecto em debates embreagados, é voltar pra casa
no outro dia de manhã e, ver o sol nascer, então sim, como uma
taça que transborda: escrever. Escrever por que de outra maneira
não poderia ser, é necessário.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Desabafo


Sentado no banco da praça, miseravelmente só, eu olhava as pessoas.
Todos passando com suas vidas, suas preocupações seus problemas.
Dizem que a vida de um ser é um grão de areia na imensidão do
universo, e realmente eu nunca paro de me espantar com a grandeza
da existencia, de tudo e todos. A energia liberada, a energia
consumida, a luz do sol, o movimento das coisas quem tem vida.
E cada dia que passa vou aprendendo mais, e afirmando mais e mais
a promessa que fiz de nunca mais trair a vida, de sempre ser quem
eu sou e nunca desistir dos sonhos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Liberdade :não basta existir


Existem pessoas que simplesmente vivem como um tijolo no muro.
Ou peças e engrenagens duma máquina: a sociedade. Libertar o eu
interior é mais dificil que fugir da prisão, e para alguns é um
processo natural e gracioso. O dom do ser humano é muito mais
que o raciocinio, é a criação, a imaginação. Desfrutar da vida
plenamente é olhar pros lados, é ver a paisagem num todo, e
mesmo quando enchergar a dor e o sofrimento saber que existe
trabalho a ser feito. Aceitar a liberdade e não simplesmente fazer
bom uso dela, fazer da liberdade a forma mais genuina de expansão,
de criação.

sábado, 27 de junho de 2009

Filosofia do nada


De dentro de seu Mercedes o homen de negócios olhava o mundo. Não com indiferença, mas, sim com distanciamento. Dentro do mundo existem outros mundos, e isso é só ilusão. Pois lá estava eu do lado de fora do Mercedes, fora da esfera mediucre da clásse média, e claro, dentro da vulgaridade das ruas. Quando vejo alguém preso a valores de status, paro e penso. Por que nunca aprendi, sempre soube que a vida está aqui fora. Apenas respiro com vontade o ar poluido da cidade grande e sei que tudo isso me pertence. Eu ando por essas ruas como uma pessoa qualquer. E essa filosofia do nada é tudo que eu tenho na vida.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Mundo dos sonhos


Uma noite dessas eu sonhei que estava morto. É sempre assim.
Meu corpo astral voava pela cidade sem ser percebido por
ninguém, e eu me divertia em razantes e subidas, livre pelo ar.
Uma coisa era igual a vida real: o medo de cair.
Num sonho as cores são opacas e mesmo a própria visão não é
muito nítida, mas o sentimento é o mesmo, é real.

Segundo os ensinamentos que foram pasados a Carlos Castaneda
pelo seu mestre é possivel tomar consciência em nossos sonhos.
Um dos exercicios para isso consiste em olhar para própria mão.
Certamente que os conhecimentos passados a Castaneda despertam
desconfiança pois são de carater esotérico: o xamanismo.

Freund com seu livro "Interpretação dos sonhos" criou a teoria
dos sonhos como manifestação de nossos desejos latentes, desejos
secretos e reprimidos pelo super ego.
Já o psiquiatra Carl Gustav Jung foi masi longe afirmando serem
os sonhos uma forma de expressão do inconsciente, manifestando
o arquétipo, uma espécie de idéia comum passada por gerações.
Assim ligando a física a psicologia.

Viagem astral da alma, desejos reprimidos ou expressão inconsciente,
pra mim sonhos são a pura manifestação do eu interior, e tudo isso
pode ser revelador, fascinante e muitas vezes assustador.

domingo, 17 de maio de 2009

Boemia


A neblina caia suave e leve naquela manhã de outono, o sol surgia
ainda tímido por de trás dessa nevoa. Pelas ruas os trabalhadores
apesar do sábado continuavam a caminho de mais um dia cheio.
Pra mim o dia terminava ali. Tudo que eu queria era ter mais um
cigarro pelo menos,ou que não estivesse tão frio.Meus amigos são
demônios, são monstros. Simplesmente precisam da intensidade
boêmia pra viver.Na noite passada as mesmas charadas de sempre,
a grandesacação da vida no copo de vinho, as garotas sempre
sorrindo.E mesmo eu em silêncio apreciava cada momento.
Chega uma hora que a bebida encharca as palavras, exauta os
ânimos e quase faz explodir o coração.E lá estavamos nós na
resistência, heróis numa noite brasileira.Sim, valeu a pena.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Fantasmas


Dizem que quando morremos e nossa alma deixa nosso corpo,
demoramos um pouco a cair na nova realidade. Dizem que quando
por fim entendemos a morte, a os que não a aceitam.
Assim devem ser os fantasmas, vagando atrás duma ilusão de
vida que já não os pertence, assombrando as pessoas que um dia
perderam a oportunidade de amar em vida.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Vida, aventura e rotina


Já andavamos a mais de duas horas. O grande astro ardia furioso
sobre nossas cabeças, e já com a mente meio turva eu via a
estrada se perdendo na linha do horizonte. Um grande cansaço
tomava conta de mim. Era hora de um descanço.
O cenário era encantador: planicies abertas, verde a perder de vista.
O rebanho de gado não deu bola para nossa presença,
meu amigo Xará enrolava um cigarro. Me sentei próximo a
uma grande árvore e fiquei a admirar a vista.
Percorremos 90 kilometros naquela ocasião, de Alvorada a
Tramandai, tenho até hoje na lembrança várias paisagens
que me chamaram a atenção.
São aventuras assim que me fazem me sentir vivo de verdade,
me tiram a impressão que a vida é mecanica.
Coragem, vontade, entusiasmo, amizade e
companherismo: Lições de vida.

Temos nossas vidas ordinárias, mas como não deixar a rotina
massacrar nossa vontade?
Todos dias eu morro um pouco mais, algo de mim mesmo
vai ficando pra trás, a oportunidade de não sei o que vai escorrendo
como areia entre meus dedos. O que sobra no final?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A burguesia fede?

Dos meus 16 anos até os 20 e poucos fui instruido a odiar a
burguesia e tudo que ela representava. Mais que ser instruido
e influenciado pelos camaradas eu mesmo cheguei a conclusão
que o estilo de vida burgues era imoral.
Consumismo: o pecado mortal dessa classe.
As diferenças sociais no Brasil são tão grandes que nem
é necessário ilustrar muito meu texto nesse sentido.
Dum lado alguem morre numa triagem de hospital público, do
outro paga-se milhares de reais por plásticas. Isso é imoral.
Com tudo, ainda sim deixei meu ódio cego pelos burgueses,
seria um erro generalizar as pessoas.
Hoje eu diria que imoral não é o burgues, e sim o
vício burgues e toda pompa que até mesmo muitos deles devem
se envergonhar.

domingo, 3 de maio de 2009

Ensaio de Rua

Amizade o sal da terra.

O movimento Ensaio de Rua de Alvorada é o mais genuinamente
Anarquista que eu conheço. Um grande encontro de amigos
com um ideal: Rock and roll. Meu amigo Sogipa e seu sobrinho
estão de parabéns, o evento foi um sucesso. Mais uma vez provamos
a força que o rock tem. Sem qualquer tipo de apoio dos orgãos
competentes de coisa nenhuma.
Nossos corações nunca se cansam e nosso entusiasmo só tende
a crescer, assim somos nós. E que nossos governantes aprendam
um pouco disso.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Comunismo nos dias de hoje


Com a derrubada do muro de Berlin terminava o sonho de um
mundo comunista. Essa ideologia foi a que me intusiasmou na
minha adolescencia, e não pude aceitar a verdade na época.
Hoje acho incrivel que ainda existam pessoas que se dizem
comunistas, entre elas muitos amigos meus.
A primeira pessoa de "esquerda" que eu conheci foi minha
professora da quarta série, hoje a deputada estadual Stela Farias.
Claro, desde criança eu já era incentivado a gostar do então
candidato a presidencia Leonel Brizola, mas não sabia direito
ainda o que era socialismo ou comunismo. Discutir politica
sempre foi um costume da minha familia, pois viemos do
município de São Borja, terra natal também do ex presidente
Getulio Vargas.
Nos dias de hoje fico feliz com o sucesso do nosso presidente Lula,
votei nele todas vezes que pude, e tenho certeza que se ele tivesse
adotado uma postura mais radical teria sido um desastre.
Estive em duas edições do forum social mundial, no acampamento
da juventude, lá muita diversão e pouca politica, mas eu gostei,
foi uma grande confraternização de camaradas e companheiros do
mundo todo.

Hoje quis escrever sobre politica e ideologia, pois na semana
passada soube da volta do forum ao Rio Grande do Sul.
Um mundo comunista nos moldes antigos é inaceitavel, porém
um mundo neo liberal será nossa destruição. Temos muitas lutas
pela frente ainda e muito a aprender, o Brasil acredito eu esta
no bom caminho, e essa crise economica internacional talvez
seja a prova que os textos de antigos comunistas estavam certos
ao dizer que o capitalismo prepara a própria forca.
Bem, para finalizar eu faço uma pergunta:
-O que é melhor: liberdade pra passar fome, ou estar bem
alimentado sem liberdade?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Criação


O poeta está parado, estático em frente a folha em branco.
O pintor se angustia em cores e formatos que não surgem
à tela vazia. Sim, esse é o cansaço que domina o cósmos,
a calmaria melancolica que precede a explosão da idéia.
Neurônios frenéticos, loucos por impulsos elétricos vindos
dum lugar misterioso chamado imaginação, chamado
criação! Damos vida a nossos pensamentos, ação, movimento.

Por fim o gozo da arte ganha forma no mundo material,
pois que veio dum lugar que talvez tenha sempre existido.

sábado, 25 de abril de 2009

A necessidade de amor


Quando o universo era o vácuo do nada surgiu o primeiro Deus
grego: Caos. De partes que se desligavam de caos surgiam outras
formas de vida. Gaia a mãe terra produzia a vida da matéria
inerte. E diferentemente de Caos o Deus Eros produzia a vida
através da união de dois seres, assim representando o amor.

O mito do amor ainda hoje motiva os seres humanos, sendo
atribuído até valor de algo sagrado. Minha reflexão de hoje
é simples: o ser humano tem mesmo a necessidade de amar e ser
amado?
Segundo o filósofo Kail Gibram o sentimento de solidão deve
ser celebrado com uma taça de vinho, pois o que é
se sentir solitário se não a sede de amor?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

intelectualidade e simplicidade

A noite estava agradável, em frente ao bar do Dilson meus amigos
se divertiam fazendo o que mais gostam: beber e conversar fiado.
Lá de dentro vinha o som de alguma banda, nos animamos
mais ainda.Eu conversava com meu amigo Igor, nosso assunto:
um provável sarau que estávamos organizando.Igor é estudante
de história (ou seria sociologia?)me fazia perguntas pertinentes ao
sarau, eu apesar de já estar num nível alcoólico inaceitável para
convenções sociais conseguia prestar atenção.
Gosto muito do meu amigo Igor, é assim que imagino os intelectuais:
inteligentes e cultos, porem acessíveis. Realmente é triste ver que
muitas vezes a intelectualidade separa mentes brilhantes da
simplicidade da vida, das pessoas simples.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Drogas


Meus passos ecoavam no silêncio do beco escuro, a droga espremida
na mão, a adrenalina entrando em jatos na circulação sanguinea.
Medo, vontade, ansiedade. O brilho dos cigarros aparecia
como vagalumes na escuridão dos barracos a minha volta.
A lua estava lá, e eu pensava que tinha
uma relação especial com ela. Amante ou filho? Eu não sabia.
De alguma forma ela me protegia ao mesmo
tempo que me levava a perdição.
Eis a verdadeira relação com as drogas:
Prazer e liberdade. Na verdade uma das maiores contradições
da minha vida, afinal o que é o vício se não a própria escravidão?
Como sempre eu saia ileso, como sempre ,sempre voltava.

Que razão temos nós na busca eterna do prazer?


Hoje gosto de ver a vida como um fluxo intenso,
mas nunca desesperado.
Quanto a lua?
Sim, ela continua, e isso me dá medo.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A tragédia da vida


Andando pelas ruas eu pensava no caminho que percorrera até
aqui.
Pensava em tudo dramaticamente, como eu sempre faço.
Um amigo certamente me diria que eu mesmo crio o flagelo
da minha alma, que o mundo a minha volta é maravilhoso,
é só olhar.
Eu gosto quando me adulam com palavras de incentivo,
é reconfortante. Realmente eu acredito em felicidade.
Pra mim felicidade é como uma
gota de orvalho : linda e cristalina, porém passageira.(bonito né?)
O drama da vida é o fascínio do escritor, é a chama que
arde deixando seduzidos esses olhos que pra mais nada
conseguem olhar.
As pessoas totalmente alegres são ridículas, são como um comercial
de margarina, onde a família tem aquela alegria estúpida e infantil.
Minha tristeza é o reduto de toda a arte que flui nesse corpo,
e mesmo quando a euforia me domina eu sei que é como se estivesse
me equilibrando na corda bamba.
E eu sempre caio.

Black time

Não sei se dá pra chamar de poema, mas esse escrito me veio na mente quando eu tocava contra baixo numa banda cover de The Doors. A banda se chamava Black time.


Tempo negro

Pelas minhas mãos escorre a areia maldita do tempo
Tempo negro
Contando com o amanhã como se nada mais importasse
Você não pode entender o tempo negro?
Sim, ele esta no ar, e por toda parte sua presença deixará marcas
Que a cada inverno voltarão como um estigma sombrio
E mesmo assim ele é necessário
Para embrutecer meu coração
E me tornar forte
Assim no futuro apenas esperarei
E o tempo negro terá mais uma vez chegado ao fim

Everton Santos

Melancolia noturna


A noite acaba de cair, paradoxalmente minha mente começa a se iluminar. Sempre tive essa pré disposição para a vida noturna, para as horas silenciosas e solitárias. Não deve ser tão incomum quanto minha vaidade intelectual pensa. Como dizia o poeta "na madrugada há crimes, incestos e assassinatos". Bem, eu assassino a língua portuguesa.
Gosto de pensar que existem pessoas como eu, vivendo nas sombras, esperando o amanhecer para mais uma vez amaldiçoar a luz, e outra vez renascer no crepúsculo.

O que é a escuridão senão meu refúgio?
O que faz o poeta raquítico, curvado sobre manuscritos espalhados por todo quarto, senão amaldiçoar o dia?
E o que faz a mariposa se esconder de dia, e insanamente entrar na vertigem alucinada em volta de uma lâmpada de luz artificial?

O poeta bêbado da praça talvez um dia nos ensine como é estar na luz.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

dia 20/04/2009 o início - Literatura cotidiana


Hoje dou início ao meu blog. Tenho a simples vontade de com partilhar meus escritos com o mundo das pessoas que como eu são amantes da leitura. A aqui optei por chamar de "literatura do cotidiano", pois farei uma exposição pública e singela das minhas experiências com literatura, através da vida no seu dia a dia. Me expondo espero poder dar vazão aos sentimentos que atormentam a mente desse aspirante a escritor, pois que sempre pensei em escritores como almas atormentadas e inspiradas por ideias que se não postas para fora, acabam mesmo por destrui-los.