terça-feira, 12 de julho de 2011

A moeda da sorte


Qual o contrário do amor?
O ódio voces me diriam. Não.
O amor e o ódio são as duas faces da mesma moeda.
E a paixão nos induz tanto a um quanto a outro.

"Esqueça a moeda e leve o amor no coração."
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Eram duas amigas. As duas melhores e mais companheiras desse mundo. Quando Eleonora nasceu sua mãe estava seca, sem leite.
Graças a mãe de Laura, que tinha nascido nessa mesma época, Eleonora não ficou sem o precioso alimento materno.
Com isso, se dizia que Eleonora e Laura eram irmãs de leite.
Os anos foram passando na infância das duas, que agora eram amigas inseparáveis de brincadeiras de imaginação sem fim.
Eleonora logo ganhou o apelido de "Nora", posto por Laura é claro.

Certa tarde de verão, o sol pesava tedioso no quintal de Laura, as duas brincavam de montar castelos de cartas.
Era simples: quem fizesse o maior ganhava.
Laura se concentrava com tudo que tinha em sua tarefa, isso seria algo que levaria em sua personalidade. Enquanto isso, Nora se apressava e se confundia, pois não conseguia resistir a olhar a evolução do castelo da amiga.
Por fim Laura se declarava:
_Ganhei!
Nora levantou seu olhar mais uma vez para o castelo de cartas em sua frente, por três segundos ficou com a boca aberta estupidamente assimilando a ideia que avia sido derrotada mais uma vez, em mais uma brincadeira. Num impulso desgarrado da ID, levantou-se e destruiu o castelo. Pronto, ninguém havia vencido, não daquela vez.

Laura se tornou uma bela adolescente. E mais que ser isso, era consciente de sua beleza. Balançava os cabelos louros e sacudia os quadris com graciosidade, mas também com muita segurança. Era uma colecionadora de conquistas, nenhum rapaz era capaz de resistir a seus encantos. A rua 33 estava cheia de pedaços de corações partidos espalhados pelo chão.

Nora cresceu sendo ofuscada pelo brilho de Laura. Se tornou uma gótica quase que sem perceber. Era sempre encontrada solitária lendo, ou divagando em algum canto escuro. Nunca se soube de algum garoto que a tenha beijado.
Alimentava em seu intimo uma revolta pelo mundo.

Mesmo com diferenças cresceram amigas. Se amavam.


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Nora voltava pra casa, tivera um dia cheio. As ruas de Porto Alegre estavam húmidas da garoa que caia. O inverno era lindo. Nora pensava assim, sempre tivera gosto pela estação. "Todos gaúchos tem um inverno em seus corações."
Na cabeça, cenas ainda do trabalho. Inesperadamente alguém puxou seu casaco.
Era uma cigana.
Uma senhora de idade já avançada com um vestido muito encardido, tinha uma voz rouca vinda das trevas.
_A tua sorte por uma moeda!
_Não obrigado, estou com pressa.
A velha não a largou, e num ultimo apelo olhou para o colar de Nora e disse:
_Terra, água, fogo e ar.
_Falta um elemento ainda...
_O elemento eterno, o tudo e o nada.
Nora sabia que a velha cigana estava certa.
_O éter. Tudo bem, leia minha sorte.

_A sorte esta lançada.
Dizendo isso colocou uma moeda nas mãos de Nora e a fez segurar. Fez uma breve oração, que mais pareceu uma insanidade, e finalmente declarou:
_Leva essa moeda contigo, ela vai te trazer sorte, mas no momento certo a jogue fora.
_Como eu vou saber o momento certo?
_Com a moeda terá uma chance.
_O que?
_Agora ajude essa pobre velha.
Nora ficou muito curiosa, foi realmente impressionada pela velha cigana. Puxou dez reais e entregou. Quando estava indo embora deu uma olhada na moeda.
_Ótimo, 10 reais por uma moeda de 50 cruzeiros.


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As ruas continuavam húmidas. A garoa dava o ar europeu da tarde.
Nora tinha guardado a moeda, de agora em diante andaria sempre com ela. O que não esperava era que tudo acontecesse tão rápido.
Ao se distrair com uma vitrine por um instante, a vida lhe veio ao encontro. Súbito, num explendido esbarrão caiu no chão. Tinha batido em alguém, pode sentir antes
de cair. Então, lá estava, em pé a sua frente com a mão estendida. Era um garoto magrelo, usava óculos e calças jeans.O cabelo liso e extremamente preto combinava com a camiseta.
_Por favor me desculpe, eu...
_Ta. só me ajude a levantar.
_Meus Deus, aquele é o ultimo Hary Potter!
O magrelo a deixou e foi de encontro a suas coisas espalhadas pelo chão, dentre estas: o livro.
Nora apesar de estar consciente da falta de cavalheirismo não conseguiu deixar de estampar um sorriso. Levantou-se sozinha mesmo.
_Hei, já não esta bem grandinho pra ler Harry potter.
Sorriram um para o outro. Ali começava uma história.

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O romance entre Marcelo e Nora era um sonho.Descobriram um ao outro nesse mundo, e era só isso que importava. Nada podia lhes fazer mais mau, eram felizes.

Estavam enganados.

O ciúmes de Laura foi avassalador. Realmente o sentimento de Laura foi muito curioso. Pois além de sentir ciúmes, se sentia roubada. Então desenvolveu em sua mente possessiva o desejo de dominar a cituaçãpa atráves de Marcelo. Seria fácil.

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Marcelo ouvia som deitado em sua cama. Já passava da meia noite, agora era descansar e se preparar para a faculdade. Quando estava quase adormecendo como num sonho vê alguém lentamente passando pela porta.
_Sou eu, Laura.
_Laura, mas o que ta fazendo aqui?
_Desculpa Marcelo, mas eu não tinha pra onde ir, falei com tua mãe lá em baixo, e...
_Ta, ta, tudo bem, mas o que aconteceu?
Laura contou uma história chatissima e melodramatica sobre desentidimentos com os pais, logo estava com a cabeça no colo de marcelo chorando.
_Por que não ligou para Nora?
_Eu iria se meu celular estivesse comigo.
_Quer que eu ligue?
_Ó não, ela poderia entender mau eu não ter ligado antes.
_Tudo bem.
_Marcelo me sinto tão sozinha.
Passaran-se alguns minutos, ficaram na mesma posição, foi quando então de súbito Laura o beijou.
_Laura não posso...
Ela não ligou para o tímido protesto e continuou, só que dessa vez agarrou com firmeza o Pennis de Marcelo.
_Laura não...
Mais sussurrava que dizia, isso para Laura era um sim.
O pobre rapaz nem conseguiu ver como, mas num toque de mágica Laura já levantava o vestido e o estava cavalgando, era inútil lutar, estava entregue.
Atingiram o climax rápidamente, se soltaram e ainda com a respiração ofegante Laura disse:
_Tem um cigarro?
Sorriram, tinham feito uma peraltice.


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Laura estava séria. Foi o que nora achou, sabia que isso era sinal que diria algo importante. Ela_ não usou de palavras, apenas estendeu algo em cima da cama, Nora pode ver nitidamente: era uma das cuecas de Marcelo. Apesar de ter entendido tudo, pois se tratava de uma brincadeira que Laura fazia sempre que transava com algum garoto diferente, Nora perguntou:
_O que significa isso?
_Nora ele não presta, bem que eu te avisei.
_Como foi isso?
_Ele se aproveitou de mim bêbada e triste.
_A claro, coitadinha de você.
_Nora, você merece coisa melhor.
Não havia nada naquele momento, apenas o ódio. Em um ímpeto tremendo, levantou-se e foi atrás de Marcelo. Laura a seguiu.
Andavam em direção a avenida central, Laura vinha mais atrás conformando a amiga do mau que ela mesma havia criado.
_Isso amiga, vamos até lá ,você da um pé nele e depois vamos beber vinho.
A ira era incotrolavel em nora, a beira da avenida os carros passavam com velocidade.
_Nunca ninguém tinha me beijado!
Em um instante de descontrole empurra Laura, essa ao cair no chão é esmagada por uma caminhão que passava, o som da freiada brusca corta a alma de Nora.
Não gritou nem chorou, pôs as duas mãos na cabeça e ficou a dizer não.

Quando as primeiras lágrimas tocaram o asfalto se lembrou da moeda. Rapidamente a tirou do bolso e a olhou.
"Vinte cruzeiros".
_Eu tenho uma chance.
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_Isso amiga, vamos até lá ,você da um pé nele, depois vamos beber vinho.
Nora para.
_Laura tenho que te dizer algo.
_O que?
Nora com a força vinda das entranhas disferiu um belo soco no rosto da até então amiga.
_Sua vadia!

Ao pegar o caminho de volta contemplou mais uma vez a moeda da sorte, e a jogou fora como prometido.