sábado, 18 de janeiro de 2014

Reflexões anarquistas na era contemporãnea: versos de um andarilho acadêmico.

Enquanto eu esperava pelo jantar a noite me parecia bem serena, assim como eu. O som do ventilador desbravava o silêncio e me levava suavemente pelos confins sagrados da minha solidão. Era apenas uma quarta feira à noite.
Os Deuses tramavam seus planos astrais e eu era um joguete estúpido e sem vontade própria!
Governos articulavam políticas e guerrilhas urbanas queimavam bandeiras... E eu estava sentado em cima de minha opinião.

Ter uma opinião já é o bastante?
Pode um homem afirmar que é um homem se não tiver uma?

O destino do mundo então era traçado a minha revelia, e tudo que eu podia fazer era cozinhar bem as batatas.
A vida e obra dos grandes pensadores e revolucionários me contavam histórias de sacrifício e glória, entrega e paixão incondicional ao ideal.
Nascemos e vivemos em um mundo que se transforma constantemente, fato irrefutável. Então nos resta apenas escolhermos sermos um resultado e produto do sistema e suas evoluções e contradições, ou assumirmos de vez os rumos do que somos e poderemos vir a ser, isso por meio é claro do único meio possível para tal tarefa: a negação absoluta de qualquer paradigma. A ruptura definitiva com o meio e a alienação imposta por ele.

Concordando no abandono total das ideias pré concebidas pela ideologia e pelas políticas de conveniência, e até mesmo pela moral criada anos atrás, sim, teremos um ponto de partida para a concepção de uma personalidade mais vigorosa, autentica e resoluta.
A realidade que enfrentamos e a rotina que nos consome é o dragão que abateremos, e banhados em sangue mais uma vez teremos honrado a nós mesmos e os nossos heróis que não morrerem em vão. Então poderei sim dizer que não apenas tive uma opinião subjetiva, eu fui um Descartes ébrio de ópio em ações e experiências vivas!
Enquanto eu esperava pelo jantar e o arroz borbulhava, meu encéfalo também fervia em inconstâncias. Michael Bakunim por certo era um gênio que de tudo que fez na vida o mais bonito foi ser um homem forte e evolutivo em seus pensamentos. Tanto sacrifício que fez me faz sentir um verme ocioso, escondido atrás de livros e de um caráter acadêmico mediocremente confortável. Mas eu nunca quis isso para mim. E se eu venho até vocês com uma patética autocrítica, se deve a meu desprendimento e vontade sincera de viver na evolução e vitória dos preceitos da anarquia.

Eu não estive exilado na Sibéria, nem tramei sequestros e assassinatos terroristas, tão pouco tive o prazer de incendiar palácios, nem mesmo consegui pichar um muro. Não tenho uma arma, nem uma bandeira preta em casa. Contudo, meus olhos nunca cansam de contemplar a liberdade, e de entristecer com a miséria das prisões que a própria sociedade hipocritamente cria para se manter em seus esquemas de privilégios e burocracias, desigualdades e injustiças que se tornaram tradições e placas de bronze na entrada das cidades.

Viver por certo é nossa única opção, mas se libertar será uma conquista.
Encerro os pensamentos de hoje com uma frase de uma célebre mulher, que foi uma grande revolucionária,Emma Goldman.

“Se não posso dançar, não é minha revolução.”

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